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#MED2 - Teoria e Prática

“Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.”
Mateus 6.14,15 NVT

Você é capaz de perdoar como Deus?

Imagine a seguinte situação: você descobre que vários boatos falsos ao seu respeito estão circulando pelos grupos de WhatsApp, e o alcance disso é tão grande que você perde o emprego e passa a ter problemas dentro de casa. Para piorar a situação, a pessoa que começou a espalhar essas mentiras foi justamente alguém em quem você mais confiava. Imaginou? Agora, seja honesto: você seria capaz de perdoar essa pessoa?

O exemplo pode parecer exagerado, eu sei. Mas, cá entre nós: aqui está uma coisa fácil de ser explicada e extremamente difícil de ser praticada. Afinal, perdoar não é uma tarefa para amadores. Só que, se você achou desconfortável a ideia de ter que conceder o perdão em uma situação como a que imaginamos, talvez se choque com o que vou lhe contar agora.

Na noite do dia 17 de junho de 2015, uma igreja metodista, localizada no centro de Charleston, na Carolina do Sul, foi invadida por um rapaz que efetuou diversos disparos contra os fiéis. No total, doze pessoas foram baleadas, das quais nove acabaram morrendo. O atirador, um rapaz de 21 anos, foi movido por ideias racistas, escolhendo o alvo por ser aquela uma das igrejas metodistas mais antigas frequentadas pela comunidade negra. A história em si é lamentável e expõe o que há de pior no ser humano. Mas o episódio em Charleston não terminou por aí.

Depois que o assassino foi preso, os familiares das vítimas tiverem de fazer o reconhecimento do rapaz. À medida que iam identificando o atirador, todas as testemunhas diziam diante da câmera que o perdoavam pelo que havia feito. O caso logo teve uma grande repercussão pelo mundo, e muitos julgavam a atitude daquelas pessoas como sendo uma tolice.

A verdade é que, diante de situações como essa, não sabemos como reagir. Para ser honesto, aquele rapaz de forma alguma merecia o perdão. Afinal, o que ele havia feito tinha sido não só errado, mas também monstruoso. Porém, ainda assim, demonstrando um espírito de excelência que por vezes desafia a lógica das coisas, essas pessoas se mostraram verdadeiros discípulos de Cristo, refletindo ao que Ele mesmo ensinou, em Mateus 6.14,15 (NVT), quando disse: “Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.”.

Talvez, nesse momento, exista alguém que está lendo esse texto e pensando: “Beleza, mas o fulano não merece o meu perdão!”. Ok. Entendo seus motivos, de verdade. Mas quem disse que o perdão se baseia em merecimento? Pela lógica bíblica, a capacidade de perdoar está ligada não ao quanto os outros merecem, mas no quanto eles precisam.

Na Bíblia, aprendemos que o pecado não só nos tornou vulneráveis e frágeis, mas acabou gerando a morte do próprio Cristo. Por vezes não paramos para pensar no peso disso, mas o fato é que nenhum de nós jamais mereceu, ou vai merecer, o sacrifício de Jesus. Ainda assim, Ele escolheu se entregar por nós quando ainda estávamos mergulhados no pecado (Rm. 5.6).

Por essa razão, nós também precisamos perdoar as pessoas que nos machucaram. Deus não pede que nos esqueçamos do que aconteceu no passado, ou que o convívio seja plenamente restabelecido. Porém, assim como Cristo perdoou a humanidade, a mesma que O matou, nós somos convidados a também perdoar aqueles que nos feriram.

Experimente perdoar. Experimente amar. Experimente dar aos outros aquilo que você já recebeu de Deus. Mas não deixe isso para amanhã. Faça isso hoje. Faça isso agora.

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"'Venham, vamos resolver esse assunto', diz o Senhor. 'Embora seus pecados sejam como a escarlate, eu os tornarei brancos como a neve; embora sejam vermelhos como o carmesim, eu os tornarei brancos como a lã.'" Isaías 1.18 NVT Qual é o limite do amor de Deus? A Bíblia não declara que Deus tem amor, mas que Ele é a própria definição desse sentimento (1Jo. 4.8). Mas como isso de fato nos afeta? A resposta, porém, parece mudar de tempos em tempos, em um movimento que podemos chamar de “pêndulo homilético”. Mas o que isso significa? Um pêndulo é uma “peça móvel, formada por um corpo pesado suspenso a um ponto fixo e que, sob a ação do próprio peso, realiza movimento isócrono de vaivém” [1] . Assim, o tal “pêndulo homilético” é uma adequada expressão para nomear as opostas ênfases teológicas que ocuparam os púlpitos nas últimas décadas. Durante muitos anos, tornou-se comum encontrar mensagens duras sendo pregadas e vividas no contexto igrejeiro. A quali